ADOLESCÊNCIA  CRISTÃ






1. INTRODUÇÃO



A adolescência significa o período de vida humana sucessora da infância, começa com a puberdade, caracterizado por modificações corporais e psicológicas radicais, tendo seu inicio, normalmente, aos doze anos de idade e estende-se até os vinte. Psicologicamente é definida como o período marcado por intensos conflitos pessoais do jovem no qual ele procura a AUTO-AFIRMAÇÃO. Também é um período no qual há intensa absorção de valores sociais e estabelecimentos de projetos que lhe levará a integrar-se socialmente.

Entendo como sendo a fase da confrontação e da contestação, quando o adolescente confronta os pais, para testar-lhes e sentir as suas reações, sendo certo que estabelecido o confronto, normalmente espera posição definida dos seus dirigentes. Face o confronto normalmente estabelecido entre os pais e o adolescente, há uma clara e indevida intromissão maligna no processo, gerando a necessidade dos pais e dirigentes de adolescentes serem orientados quanto ao melhor procedimento a adotar.





2. A ATITUDE DOS PAIS CRISTÃOS INFLUENCIANDO A CONDUTA DO ADOLESCENTE





É necessária a consciência dos pais de que na adolescência de seus filhos, possíveis erros cometidos durante o casamento aflorarão com toda força. Se nunca houve entendimento entre eles na infância do filho, se o comum eram as brigas e as divergências insanáveis, se ocorriam contendas e uma crise de autoridade na família, certamente que na adolescência tais situações refletirão na conduta do adolescente fortemente.

É bom lembrar ao casal cristão que, segundo a Bíblia Sagrada, a autoridade gerencial da família não é compartilhada, mas deve ser exercida unicamente pelo marido e pai, Ef. 5. 22 e 23. A transgressão deliberada dos pais deste principio divino, atendendo unicamente os reclamos da sociedade na qual vivemos, implica no afastamento da benção de Deus para a família, o que permite ao inimigo espiritual – Satanás – exercer influência destruidora na vida dos membros da família, dentre outros, os filhos adolescentes.

Cito, em apoio da tese acima esboçada, a trágica experiência de Jacó e seus filhos, registrada em Gn 29.32-34. Nesta é dito que a primeira esposa de Jacó não era amada por ele, e tendo-lhe dado quatro filhos, deu-lhes nomes que refletiam seu amargor. O resultado disto é que Rubem, o primogênito, copulou com uma das esposas de seu pai, certamente para vingar-se do sofrimento de sua mãe, Gn 49.3,4. Refletindo ainda a mesma situação dos pais, Simeão e Leví eram violentos, o que lhes impediu de serem abençoados por Jacó no leito de morte, Gn 49.5-7.

As amargas experiências de DAVI com seus filhos convêm ser citadas como reforço do que acima for dito. Seu pecado com a mulher de Urias abriu a porta para a desgraça chegar a família, 2Sm 12.10 e 11. Seguiram-se tragédias como o assassinato de Amnon por Absalão, o reino sendo tomado pelo mesmo Absalão, e a morte deste, levando DAVI a um clamor desesperado, 2 Sm 18.33. Posso afirmar, analisando a conduta de Absalão, que até o casamento misto de DAVI com a sua mãe contribuiu para a situação, 2Sm 3.3, ou seja, às vezes o próprio casamento dos pais pode ensejar reflexos na conduta dos filhos.





3. A FIXAÇÃO DE LIMITES NA ADOLESCÊNCIA





Traduzindo “ fixação de limites na adolescência” como sendo a imposição de disciplina para os filhos, não é possível desprezar, mais uma vez, o papel dos pais como fator determinante. Isto é, o conceito que o filho tiver dos seus pais vai, por certo, estimula-lo, ou não, a uma vida de obediência às ordem e disciplina para a sua vida.

A Palavra de Deus responsabiliza os pais pela disciplina da família. O apóstolo Paulo coloca este item como recomendação para os obreiros da igreja, 1 Tm 3.4, 5,12. Também quando a Bíblia fala no em prego de “vara” como instrumento de correção, evidentemente que não quer dizer que se deve bater nos filhos com “vara” ( pedaço de madeira), mas, em sentido figurado, quer dizer que a disciplina deve ser mantida e empregada com vigor, Pv 10.13;13.24. Evidentemente, que o exemplo de vida que os pais transmitirem aos seus filhos, certamente que servirá de recomendação e “vara” para eles.

Se na infância a criança conviveu com a bagunça generalizada, as lutas verbas e agressões recíprocas, as orientações sendo transmitidas desencontradamente, ela jamais atenderá e respeitará qualquer limite que venha ser imposto na adolescência.

O celebérrimo versículo “ ensina a criança no caminho em que deve andar e quando ficar grande dele não se apartará” não deve ser aplicado unicamente ao ensino da orientação espiritual da criança. Aplica-se, muito mais, ao ensino da necessidade da aplicação e manutenção da disciplina no lar, na infância e na adolescência. É conveniente lembrar aos pais: o adolescente reside na casa dos pais e não os pais na casa do adolescente. É muito comum, infelizmente, que muitos pais transfiram a autoridade sobre os filhos para terceiros. Na família, os avós têm mais autoridade do que eles; a empregada doméstica influencia os filhos mais do que os pais; a professa de escola dominical, mais ainda do que eles. Autêntico desmantelo, que leva o adolescente a questionamentos profundos quando a obediência e submissão às normas disciplinares.





4. A VIDA RELIGIOSA DO ADOLESCENTE





Quando a orientação religiosa dos filhos, os pais devem atentar para o detalhe que reputo de capital importância: enquanto seus filhos eram crianças, eles exerciam toda o poder e influência sobre eles, podendo até induzi-los à práticas religiosas que eles seguiam. Porém, a partir da adolescência, o jovem terá que definir-se espiritualmente quanto a fé. Ou seja, sendo adolescência a fase de mutações e definições quanto a vida que se seguirá, evidentemente que os pais devem estar preparados para enfrentar essa nova realidade, necessitando, sobretudo, que, independentemente da crença dos filhos, eles são e permanecerão sendo pais e estes seus filhos.

Paulo abordando o tema, recomendou aos pais que devem criar seus filhos “ na doutrina e admoestação do Senhor” sem irritá-los, Ef 6.4. Timóteo possuía uma “ fé não fingida” que vinha desde sua “avó Lóide e sua mãe Eunice”, 2Tm 1.5. Tais ensinos não serão tão profundamente absorvidos pelos filhos, se não virem em seus pais um testemunho e uma conduta cristã. Como serão os filhos estimulados à crença na oração se nunca foram incitados em sua convivência diária com os pais a isto?

Seguindo o principio bíblico dos pais “ não irritarem seus filhos”, nunca devem os pais querer impor aos filhos a sua fé, obrigando-os ao cumprimento de normas e orientações, muitas das quais nunca fundamentadas na Palavra do Senhor. A Bíblia claramente ensina de que o “convencimento espiritual” é resultado da ação do Espírito de Deus. É Ele, somente Ele, que convence o pecador de seus pecados.

Por outro lado, como ensinou Paulo, “ a fé não é de todos”, 2Ts 3.2. A crença em Deus decorre da fé, a qual nasce como fruto da pregação da Palavra, Ro 10.17. Trata-se, pois, de uma opção espiritual a ser exercida pelo adolescente, a fé. Nunca os pais devem querer impor. Se os filhos, por medo dos pais, “fingem” exercer a fé, esta conduta servirá, apenas, de conforto aos pais, sem, todavia, trazer resultado espiritual aos filhos. Convém lembrar a experiência de Abraão com seus filhos Ismael e Isaque: Deus fez promessa material acerca de Ismael, que era filho de Abraão fora do seu casamento, Gn 21.13, por ser ele “ semente”, de Abraão; Isaque seria o continuador da promessa divina pelo lado espiritual, Gn 17.19 e 20.

A realização de cultos domésticos nos lares não deixa de ser importante; todavia, não deve ser tido como fator determinante à vida religiosa dos filhos. A ministração da Palavra, sua prática e cumprimento pelos pais, exercerão muita mais influência do que mil imposições. Quantos filhos que não seguem a vida cristã, mas que têm profundo respeito e até certo temor à Palavra, pelos ensinamentos ministrados pela conduta dos pais. É aquele filho que não deixa de orar antes de deitar, que contribui para a obra de Deus com dízimo e oferta, que pede oração por sua vida, projetos e decisões, que não aceita que falem mal da igreja nem dos crentes, embora não seja um seguidor do evangelho de Cristo.



Salvador, BA, 26.07.03 Pr Abiezer